Não sei porque, mas sempre chove quando vou fazer alguma coisa importante.
E o importante dessa vez é eu reencontrar um pedaço de mim que foi deixado pra trás.
A linha ferroviária de Porto Alegre não tem a mesma densidade da de São Paulo. É bem menor.
Aqui as pessoas parecem compartilhar um sentimento bem conservador: somos todos gaúchos porque nascemos aqui, abaixo do Trópico de Capricórnio e antes dos Andes.
Pode parecer óbvio falar uma coisa dessas, mas quem é como eu, entende. Tantos costumes, desde o chimarrão até o rádio das manhãs. O tempo repentino, cheio de extremos. A beleza das mulheres, a beleza da música, a beleza das ruas. A beleza que existe por simplesmente conversarmos.
E é difícil ficar longe dessas coisas. Mas não é impossível. O risco de se distanciar das origens é distanciar-se de si mesmo, como se a alma fosse presa à terra e não ao corpo.
Eu vim voando, escutando um pouco de Maroon 5. O pouco ar dentro do avião me enjoou. Fiz de conta que dormi e, já acordado, cheguei.
Comecei a pensar nos próximos dias.
Agora vou almoçar. Depois vou pra rodoviária pegar um ônibus pra casa. Vou dormir umas 40 horas.
Muita imaginação vai nascer, crescer e morrer nos próximos 20 dias.
Quem vai participar?
Porto Alegre, 16 de novembro de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário