sexta-feira, 23 de março de 2012

Presença Repentina

A gente nunca vai prever a própria vida. Podemos planejar, especificar. Mas prever, nunca. Ora, quantas vezes eu já apenas quis me ver de longe, como se fosse outra pessoa, pra analisar meus altos e baixos. Mas a vida é assim mesmo. Reclamar é opção, perda de tempo. É o agir que resolve alguma coisa.

Minhas manhãs têm sido povoadas de imaginação e minhas tardes têm se completado com tanta euforia por minha mente sensível que nem a chuva intensa seria capaz de silenciar o que, aqui dentro, preciso gritar.
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Imagem do tema Black & Gray.
Dizem que perfeição não existe. Mas se existir só em teoria já será suficiente. Já pensou? Perfeição não é modelo, é algo relativo ao que se precisa preencher. Eu não sei o que preciso, mas sei o que me faz bem.

O corpo é uma prisão. O pensamento é um cupido à prova de balas. Faz que fica imune, ali, envenenando o cérebro e embaraçando os sentidos. Mas, na verdade, sabe bem aonde está mirando.


Andava murcho como se precisasse de água para a fotossíntese. Pensava que precisava urgentemente gerenciar os problemas, mas defini que eles serão como a perfeição – relativos.

É intenso, é cheio de detalhes; é inibido, proibido e, enquanto for assim, será perfeito.

domingo, 4 de março de 2012

Carta aos meus amigos

Antes de tudo, esclareço que esta não é uma carta suicida (!). Apesar da minha propensão depressiva, só vou morrer devido a velhice, felicidade ou overdose.

Esta carta é diretamente destinada a seis pessoas e indiretamente destinada a todos os demais amigos e amigas e é sobre um grande defeito meu, contra o qual eu convivo há muitos anos: o meu silêncio. Ele é uma das reações a meus problemas pessoais e, entendo eu, não deveria fugir à esfera pessoal. Mas foge e, como infeliz consequência, prejudica a outras pessoas e a mim, desestabilizando e enterrando amizades. Fantasmas deixados à parte, eu percebi que algumas pessoas foram magoadas, sentiram-se menosprezadas, excluídas da minha vida. E como um efeito colateral, fizeram o mesmo comigo (com menos ou nenhuma culpa).

Aonde quer chegar com isso?
Quero manter vivas as amizades com pessoas que são importantes pra mim. E elas sabem quem são. Não me importo em tentar de novo, de novo e de novo (mesmo que o meu humor mude). Bom, talvez faça muito mais sentido pra mim do que pra vocês, mas preciso disso pra que vejam que me importo, pra colocar pingos nos is e pra começar uma nova fase.

Então tu aprende com os teus erros, Sérgio?
Sim. Errar e aprender fazem parte do meu entendimento de vida. Logo eu, que ao me fechar considerava estar apenas fazendo uso de um direito, quando na verdade estava ficando cada vez mais egocêntrico. ♫ Logo eu, que sempre achei legal ser tão errado. ♪

E o que é amizade pra ti?
Amizade é cumplicidade, é discutir decisões erradas, felicitar decições certas, rir por qualquer coisa, compartilhar momentos. Se as lembranças existem por algum motivo, possivelmente é pra gente entender “Nossa, isso vale a pena. Continue.” ou “Isso parece errado. Pare.
Um pessoa certa vez me fez entender que amizade é uma troca, pois ambos os lados esperam algo de volta, ainda que sutilmente.

Não acredito que está fazendo isso…
Ótimo! Eu acho que enquanto houver motivos, vou fazer essas coisas. Algumas pessoas me conhecem por fazer coisas inusitadas mesmo… Não é a primeira vez e certamente não será a última.

E tu acha que vai escrever isso e tudo vai ficar bem?
Não. Meu silêncio e isolamento deveriam ser como uma autoproteção. E cada um interpreta e julga do seu próprio jeito, então o significado de minhas atitudes e mesmo deste texto deve variar. Mas é como pedir desculpa: apesar de nem sempre poder reparar a merda que fez, tu pede desculpa na tentativa de que a outra pessoa pelo menos perceba que tu sente muito.

Eu não me apego às pessoas, mas me importo com elas – existe uma diferença. Questiono e pesquiso sobre o que andam fazendo, se estão felizes, se estão realizando seus sonhos. Tento ver se mudaram muito. É meio irônico todos sentirmos os mesmos sentimentos e isso significar absolutamente nada visto que a vida de cada um se apresenta de maneira singular. É como saber que nunca nos veremos de frente; podemos ver apenas nosso reflexo e nos basearmos nas descrições que ouvimos.

Talvez eu me arrependa de ter publicado isso, mas não levo consequências muito a sério (nunca levei). Como disse Bob Marley, “Pra quê levar a vida tão a sério se ela é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos?
Eu acho que há erros que merecem ser explicados. Alguns, ignorados, mas só quando não atingem outras pessoas. E lidar e aprender com eles certamente é parte de se tornar um homem.