Odeio a distância e as perguntas sem respostas.
Odeio o silêncio e as respostas indiretas.
Não me importo que falem de mim, que falem até morrer.
Amor e ódio são muito semelhantes; um reforça o significado do outro, como pilares opostos que mantém a passagem.
De todas as raivas que posso sentir, acho que é a que enraíza a que mais me afeta. Pra bem ou pra mal? Para os dois. O fato é que não quero evoluir nem involuir, só quero me completar e completar alguém enquanto explodimos todos os limites - os nossos e os alheios -, afinal é a provocação que gira as engrenagens desse mundo velho, quase caído.
Estar cego pode evitar um caminho errado? Imagem desta página
Adoro o próximo e as respostas que solucionam várias perguntas de uma só vez.
Adoro o caos e as poucas palavras.
Quero ouvir meu nome muitas vezes, quero ouvir até morrer.
Ódio e amor são realmente diferentes; um esclarece a desvantagem do outro, como o tempo vivido e o tempo gasto.
De todos os prazeres que posso sentir, é certo, enquanto eu não mudar de opinião, que o impacto é tudo. Pro mal ou pro bem? Tanto faz. O fato é que ter pra onde ir também não me importa se já estou a 200 km/h, afinal o mundo gira acompanhando os movimentos da nossa cabeça. E ele é só nosso.
Às vezes acontece algo muito grande na minha vida e eu paro no tempo. Esta é a terceira ou quarta vez, mas é diferente agora. No segundo em que começa, o ambiente fica mudo, meus olhos castanhos passam a enxergar as coisas em câmera lenta. Muitos quadros por segundo. Consigo analisar e sentir a dor como uma agulha quente atravessando lentamente meu braço, furando perfeitamente os nervos e os ossos. Em meu subconsciente talvez eu esteja a uns 300 quilômetros por hora, disposto a correr o risco e pronto pra morrer. É um colapso em todos os níveis que me permitem sentir a crueldade. Daí muita coisa começa a fazer sentido; passo a aprender sem professor. Veja bem: não se deixe levar pelas minhas palavras porque frequentemente o significado delas muda ou se perde. Mas pode tomá-las emprestadas, se precisar.
Se o corpo não vive sem a mente, deve ser hora de renascer. (Como se eu fosse especial) fico jogando em vários lados, contra e a favor a mim e não há equilíbrio porque a perda é pior do que a vitória. Digo ‘não’ quando quero dizer ‘sim’ e apenas faço silêncio quando quero dizer ‘por favor, fique’. Sonhos vagos que eram minha realidade tornam pesadelos traços de um quadrado. A multiplicidade… esqueça o meu talvez, estou sempre disposto a correr o risco, senão nunca terei histórias pra contar. Mesmo que não haja quem queira ouví-las ou que estejam tapando os ouvidos enquanto tentam ouvir outra voz, o protagonista não pode escrever o próprio nome no livro. Mas… como ser otimista que sou, tudo o que eu lhe disse ainda está valendo. Sempre estará.
Eu fico pensando sobre porque fazemos tantos sacrifícios pelas pessoas... Vale a pena sofrer por outrem? Esperar por raios de sol em terras de tempestades? Amar incondicionalmente, permitindo-se tudo, inclusive a surra da dor?
É algo que eu quero pra mim? É algo que procuro justamente por não ter? E se tiver, conhecerei? Se conhecer, serei parte?
Se for parte, serei... feliz? Imagem do Lado B da Lua
Ficaria fazendo perguntas a vida inteira se isso não me tomasse o tempo para ir procurar as respostas.
Vale a pena? Sim. Vai continuar sofrendo?
Lembre, seja lembrado. Seja sincero. Seja silêncio.
O vício é uma arte: provoca ansiedade, apreensão e um tanto de loucura. Se registra nas marcas, gritos, olhares e frases e se perpetua na reciprocidade. E a melhor parte… dê a palavra ao viciado, e ele vai dizer que seu vício não teve um início (sempre existiu) e nunca terá um fim, pois é como comer e respirar.
Que bom que não controlamos todos os sentimentos! Calcular é prejudicial quando o solicitado é apenas viver loucamente (tarefa na qual quero me aperfeiçoar cada vez mais). Calcular é parte integrante da rotina, que pode e deve ser encarada como uma válvula de escape nos momentos de quietude e cansaço.
O vício é uma arte porque quem se nutre dele só pode ser um artista. Como na vida real, o artista nem sempre é reconhecido já que não depende dessas prerrogativas misquinhas da realidade. É basicamente uma versão diminuta da vida, foca em pequenos instantes que daqui a pouco vão formar lembranças.
É certo que eu vou colecionar todas essas lembranças, pois quero, como um tolo, todos estes momentos de falta de ar e calor, de encaixe e nostalgia. Tente não esquecer do brinde… é o encontro em que resumimos nossas projeções em uma frase.
A gente nunca vai prever a própria vida. Podemos planejar, especificar. Mas prever, nunca. Ora, quantas vezes eu já apenas quis me ver de longe, como se fosse outra pessoa, pra analisar meus altos e baixos. Mas a vida é assim mesmo. Reclamar é opção, perda de tempo. É o agir que resolve alguma coisa.
Minhas manhãs têm sido povoadas de imaginação e minhas tardes têm se completado com tanta euforia por minha mente sensível que nem a chuva intensa seria capaz de silenciar o que, aqui dentro, preciso gritar.
Dizem que perfeição não existe. Mas se existir só em teoria já será suficiente. Já pensou? Perfeição não é modelo, é algo relativo ao que se precisa preencher. Eu não sei o que preciso, mas sei o que me faz bem. O corpo é uma prisão. O pensamento é um cupido à prova de balas. Faz que fica imune, ali, envenenando o cérebro e embaraçando os sentidos. Mas, na verdade, sabe bem aonde está mirando.
Andava murcho como se precisasse de água para a fotossíntese. Pensava que precisava urgentemente gerenciar os problemas, mas defini que eles serão como a perfeição – relativos. É intenso, é cheio de detalhes; é inibido, proibido e, enquanto for assim, será perfeito.
Antes de tudo, esclareço que esta não é uma carta suicida (!). Apesar da minha propensão depressiva, só vou morrer devido a velhice, felicidade ou overdose.
Esta carta é diretamente destinada a seis pessoas e indiretamente destinada a todos os demais amigos e amigas e é sobre um grande defeito meu, contra o qual eu convivo há muitos anos: o meu silêncio. Ele é uma das reações a meus problemas pessoais e, entendo eu, não deveria fugir à esfera pessoal. Mas foge e, como infeliz consequência, prejudica a outras pessoas e a mim, desestabilizando e enterrando amizades. Fantasmas deixados à parte, eu percebi que algumas pessoas foram magoadas, sentiram-se menosprezadas, excluídas da minha vida. E como um efeito colateral, fizeram o mesmo comigo (com menos ou nenhuma culpa).
Aonde quer chegar com isso?
Quero manter vivas as amizades com pessoas que são importantes pra mim. E elas sabem quem são. Não me importo em tentar de novo, de novo e de novo (mesmo que o meu humor mude). Bom, talvez faça muito mais sentido pra mim do que pra vocês, mas preciso disso pra que vejam que me importo, pra colocar pingos nos is e pra começar uma nova fase.
Então tu aprende com os teus erros, Sérgio?
Sim. Errar e aprender fazem parte do meu entendimento de vida. Logo eu, que ao me fechar considerava estar apenas fazendo uso de um direito, quando na verdade estava ficando cada vez mais egocêntrico. ♫ Logo eu, que sempre achei legal ser tão errado. ♪
E o que é amizade pra ti?
Amizade é cumplicidade, é discutir decisões erradas, felicitar decições certas, rir por qualquer coisa, compartilhar momentos. Se as lembranças existem por algum motivo, possivelmente é pra gente entender “Nossa, isso vale a pena. Continue.” ou “Isso parece errado. Pare.”
Um pessoa certa vez me fez entender que amizade é uma troca, pois ambos os lados esperam algo de volta, ainda que sutilmente.
Não acredito que está fazendo isso…
Ótimo! Eu acho que enquanto houver motivos, vou fazer essas coisas. Algumas pessoas me conhecem por fazer coisas inusitadas mesmo… Não é a primeira vez e certamente não será a última.
E tu acha que vai escrever isso e tudo vai ficar bem?
Não. Meu silêncio e isolamento deveriam ser como uma autoproteção. E cada um interpreta e julga do seu próprio jeito, então o significado de minhas atitudes e mesmo deste texto deve variar. Mas é como pedir desculpa: apesar de nem sempre poder reparar a merda que fez, tu pede desculpa na tentativa de que a outra pessoa pelo menos perceba que tu sente muito.
Eu não me apego às pessoas, mas me importo com elas – existe uma diferença. Questiono e pesquiso sobre o que andam fazendo, se estão felizes, se estão realizando seus sonhos. Tento ver se mudaram muito. É meio irônico todos sentirmos os mesmos sentimentos e isso significar absolutamente nada visto que a vida de cada um se apresenta de maneira singular. É como saber que nunca nos veremos de frente; podemos ver apenas nosso reflexo e nos basearmos nas descrições que ouvimos.
Talvez eu me arrependa de ter publicado isso, mas não levo consequências muito a sério (nunca levei). Como disse Bob Marley, “Pra quê levar a vida tão a sério se ela é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos?”
Eu acho que há erros que merecem ser explicados. Alguns, ignorados, mas só quando não atingem outras pessoas. E lidar e aprender com eles certamente é parte de se tornar um homem.